Aquela moça está chorando blues. Aquela
moça está fumando tristezas. Estar sozinha é um beijo na nuca, um abraço de
asfixia que estrangula e deixa respirar para depois matar de forma suicida.
Sensação de família, sentido por filhos que hoje são pais, a gente reconhece no
olhar. Enquanto Miles Davis pede chuva, ela só consegue chover incertezas.
Aquela vida precisa de saídas, para longe dessa batida, olhar de quem entende o
mundo e sorri o sorriso de quem aceita. Aquela moça precisa de paciência. São
trópicos tristes tudo aquilo. E assim ela fica. Virando esfinge, com segredos
esquecidos, derramando o pouco de vida. É assim que fica, chorando desertos e
vivendo num vício de roda viva. Aqueça moça está virando nuvem, de forma indefinidas,
e enquanto dança a dança da chuva, ela pede Miles Davis e Deus escuta. Aquela
moça está ficando azul. Aquela moça está fumando tristezas.